segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Robert Reid Kalley (Infância e Juventude (1809 a 1838

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. (Isaías 53:5)

Robert Reid Kalley era escocês, natural de Mount Florida, nos arredores de Glasgow, condato de Lamark, onde nasceu no dia 08 de setembro de 1809. Seus pais foram Robert Kalley, abastado negociante na cidade, e Jane Reid Kalley, que pertenciam à Igreja Presbiteriana da Escócia e o fizeram batizar aos 38 dias de idade, na igreja local(3).
Era o segundo casamento do pai, cuja primeira esposa viveu pouco tempo a seu lado, deixando uma filhinha, de nome Jessie Macredie Kalley, nascida em fevereiro de 1805. Da união de Robert e Jane vieram dois filhos: Jane Dow Kalley, nascida em 24 de abril de 1808, e Roberto, no ano seguinte(2).
Não contava ainda o menino um anos de idade quando lhe morreu o pai, anos mais tarde, Jane, que ficara com as três crianças, contraiu novas núpcias com o Sr. Davi Kay, viúvo também e também negociante em Glasgow, pai de quatro filhos: Mary Kay, nascida em 12 de outubro de 1796, que ajudou a criar os sois menores, Jane e Roberto; James Kay, que emigrou para os Estados Unidos; AnnKay, de quem não se tem notícias, e Macredie Kay, que, com sua irmã Mary, mais tarde prestou valiosos serviços a seu irmão de criação quando missionava na Madeira(3).
Davi Kay era da mesma igreja de Jane e a nova família, com seis crianças, pois Jessie parece ter ido residir com os avós maternos, viveu em perfeita harmonia. Tanto Davi como Jane consideravam os enteados como verdadeiros filhos(4).
A respeito do padrasto, o Dr. Kalley escreveu muitos anos depois:
" Durante minha infância e mocidade, fiquei debaixo da tutela de um homem de valor, com quem minha mãe se casou depois da morte de meu pai. Mesmo depois da morte dela, quando eu era ainda uma criança, ele foi para mim um verdadeiro pai. Ainda que eu desse muito trabalho e lhe fosse causa de muitas preocupações e tristezas, ele perseverou comigo, dando-me educação moral e religiosa por seus exemplos e preceitos, com muita oração a Deus"(5)
ainda depois de seu regresso definitivo do Brasil, escrevendo em 1880 a seu sobrinho, o Dr. Robert Kalley Miller, filho de Jane, lembrava-se da grande dívida de gratidão que unia à memória do padastro e de sua filha, Mary Kay, pela bondade e pelo carinho com que o trataram, orfão de pai e, depois, da mãe(6).
Pouco se sabe a respeito da meninice de Kalley, a não ser o episódio de, aos oito ou nove anos, tomando banho no rio Clyde com outros companheiros , haver-se deixado arrastar pela correnteza e quase haver morrido afogado, não fora o providencial socorro de alguém que, vendo-o em tais apuros, se atirou à água e o salvou de morte quase certa(7).
Depois do curso primário e preparatório na Rennie School e no liceu ou ginásio de Glasgow Grammar School, onde o latim e a oratória se tornaram as disciplinas de sua predileção, matriculou-se em 1825 na Faculdade de Medicina e Cirurgia, tendo apenas dezesseis anos. Tanto o padastro como o avô materno preferiam vê-lo preparar-se para o ministério da Igreja, mas Roberto, já imbuído de idéias materialistas e ateístas, tomou rumo diferente(8).
Sendo ateu - escreveu ele ao Sr. Wilby em 15 de novembro de 1843, explicando a razão por que havia contrariado os desejos de David e do avô e escolhido como carreira a medicina e não o ministério eclesiástico - sendo ateu, ao escolher a carreira, não me vi com coragem de pregar e ensinar aquilo que eu considerava ser uma porção de mentiras. Abandonei, pois, toda idéia de estudar teologia, e escolhi a medicina(9).
Em outra ocasião, o Dr. Kalley expôs seus sentimentos naquela época da seguinte maneira:
Um coração mau e más companhias varreram tudo. As especulações da Filosofia e da Ciência (falsamente chamada) contrariavam todos os esforços de meu padrasto e cegaram o meu entendimento de tal maneira que não me era mais possível crer na existência de Deus. Parecia-me uma coisa nobre ser libertado da superstição e do fanatismo que a crença impunha à alma humana. Aqueles que faziam profissão de religião, eu considerava imbecis, ou, então embusteiros, e desprezava-os a todos. quando moço ainda, estudava várias ciências, admirava as maravilhas dos seres microscópicos, meditava na distância, na magnitude e na velocidade dos orbes. Vendo tudo isso, eu me achava impossibilitado de abraçar a idéia de um Deus, um Ser Supremo. Por muitos anos não cri em sua existência. Parecia-me impossível crer na real existência de um Ser, dotado de vida eterna, cuja ciência compreende tudo no universo e cujo poder impele os astros e, ao mesmo tempo, forma os delicadíssimos membros de um animalículo microscópico(10).
Havia, na verdade, outro motivo agindo secretamente, mas com grande efeito em seu coração e a respeito do qual ele, mais tarde, confessa:
A minha aversão e repugnância às leis do Criador sugeriram-me o desejo ardente - que não haja Deus - tudo isso para que eu desse lugar ao pecado sem temer as conseqüências e penalidades(11).
assim, com tais disposições mentais e espirituais, entrou na carreira escolhida, continuando por muito tempo em seu cetiscismo e em sua oposição declarada contra as Sagradas Escrituras e todas as doutrinas cristãs.(Continua)

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